quinta-feira, 8 de outubro de 2015

QUINTA-FEIRA : LIVROS , LITERATURA , ROMANCE , SUSPENSE ... LEMBRANÇAS DA MEIA-NOITE , SIDNEY SHELDON . Leia aqui , aos poucos , um dos maiores clássicos da literatura de um dos maiores autores de todos os tempos .
Lembranças da Meia-Noite , Sidney Sheldon (parte 2).

Continuação do Capítulo 2

EM SEU 17° ANIVERSÁRIO , Demiris leu um artigo num jornal sobre os campos petrolíferos da Arábia Saudita . Foi como se uma porta mágica para o futuro se abrisse subitamente à sua frente . Procurou o pai .
 - Vou para a Arábia Saudita , trabalhar nos campos petrolíferos .
 - Essa não ! O que sabe sobre petróleo ?
 - Nada , pai . Mas aprenderei .
 Um mês depois , Constantin Demiris estava a caminho .

ERA A POLÍTICA DA Trans-Continental Oil Corporation para os empregados no exterior exigir a assinatura de um contrato de trabalho de dois anos , mas Demiris não teve escrúpulos a respeito . Planejava permanecer na Arábia Saudita por tanto tempo quanto fosse necessário para fazer sua fortuna . Imaginava uma aventura maravilhosa das Mil e Uma Noites , uma terra encantadora e maravilhosa , com mulheres de aparência exótica e o ouro negro jorrando do solo . A realidade foi um choque .
 No início de uma manhã de verão , Demiris chegou em Fadili , um desolado acampamento no meio do deserto , consistindo em um horrível prédio de pedra , cercado por barastis , pequenas cabanas feitas com arbustos . havia mil operários de baixo nível ali , quase todos sauditas . As mulheres que circulavam pelas ruas poeirentas e sem calçamento estavam cobertas por grossos véus .

 DEMIRIS ENTROU no prédio onde ficava o escritório de J.J. McIntyre , o gerente de pessoal . McIntyre levantou os olhos quando o rapaz entrou na sala .
 - Foi contratado pelo escritório central , não é mesmo ?
 - Sim , senhor .
 - Já trabalhou alguma vez antes em campos petrolíferos , filho ?
 Por um instante , Demiris sentiu-se a mentir .
 - Não , senhor .
 McIntyre sorriu .
 - Vai adorar isto aqui . Fica a um milhão de quilômetros do nada , a comida é péssima , não há mulheres em que possa tocar sem que cortem seus ovos e absolutamente porra nenhuma para fazer a noite . Mas o salário é bom , certo ?
 - Estou aqui para aprender - respondeu Demiris , na maior ansiedade .
 - É mesmo ? Pois então vou lhe dizer o que é melhor aprender depressa . Está agora num país muçulmano . Isso significa que não pode beber álcool . Qualquer pessoa pega roubando tem a mão direita cortada . Na segunda vez , a mão esquerda . Na terceira vez , você perde um pé . Se matar alguém , é decapitado .
 - Não estou planejando matar ninguém .
 - Espere um pouco - resmungou McIntyre. - Você acabou de chegar .

 O ACAMPAMENTO ERA uma Torre de Babel , pessoas de uma dúzia de países diferentes , todas falando suas línguas nativas . Demiris tinha um bom ouvido e aprendeu as línguas depressa . Os homens ali estavam para construir estradas no meio de um deserto inóspito , erguer conjuntos habitacionais , instalar equipamentos elétricos e comunicações telefônicas , montar oficinas , providenciar suprimentos de água e alimentos , projetar um sistema de drenagem , ministrar cuidados médicos e , assim pareceu ao jovem Demiris , cem outras tarefas . Trabalhavam em temperaturas de 38° , sofrendo com as moscas , mosquitos , poeira , febre e disenteria . mesmo no deserto havia uma hierarquia social . No topo estavam os homens empenhados em localizar petróleo e abaixo os operários empregados nas construções , chamados de "burros de carga" , e os escriturários , conhecidos como "fundilhos brilhantes" .
 Quase todos os homens envolvidos diretamente na perfuração - geólogos , agrimensores , engenheiros e químicos - eram americanos , pois a nova broca rotativa fora inventada nos Estados Unidos e eles eram os que mais conheciam sua operação . O jovem grego empenhou-se em fazer amizade com os americanos .
 Constantin Demiris passava tanto tempo quanto podia em torno dos perfuradores e nunca parava de fazer perguntas . Acumulava as informações , absorvendo-as da maneira como as areias quentes absorviam a água . Notou que estavam usando dois métodos diferentes de perfuração .
 Aproximou-se de um perfurador , trabalhando ao lado de uma torre gigantesca de 40 metros .
 - Eu gostaria de saber por que há dois tipos diferentes de perfuração .
 O perfurador explicou :
 - Temos o cabo de ferramentas e a rotativa , filho . Agora usamos mais a rotativa . As duas formas começam exatamente da mesma maneira .
 - É mesmo ?
 - É , sim . para qualquer das duas , é preciso erguer uma torre como esta para levantar os equipamentos que serão baixados para o poço - Ele fitou o rosto ansioso do rapaz . - Aposto que não tem a menor ideia do motivo para o nome da torre em inglês , derrick .
 - Não tenho mesmo , senhor .
 - Era o nome de um famoso carrasco do século XVII .
 - Ah ...
 - A perfuração com cabo de ferramenta é muito antiga . Há centenas de anos os chineses já cavavam poços-d'água dessa maneira . Abriam um buraco na terra levantando e deixando cair uma ferramenta pesada e aguçada , pendurada de um cabo . Mas hoje cerca de oitenta e cinco por cento de todos os poços são perfurados pelo método rotativo .
 O homem virou-se para voltar a se concentrar em seu trabalho .
 - Com licença , senhor , mas como funciona o método rotativo ?
 O homem parou o que fazia .
 - Em vez de abrir com um buraco na terra pelo impacto , você simplesmente perfura com uma broca . Está vendo aqui ? No meio do chão da torre fica essa plataforma giratória de aço , que é girada por engrenagens . Essa plataforma giratória pega e gira um tubo que se projeta para baixo . Há uma broca presa na extremidade inferior do tubo .
 - Parece simples , não é mesmo ?
 - É mais complicado do que parece . É preciso dar um jeito de remover o material solto enquanto se perfura . É preciso evitar que as paredes do poço desmoronem e é preciso tampar a água e o gás do poço .
 - Com toda essa perfuração , a broca giratória nunca fica rombuda ?
 - Claro que fica . E nesse caso temos de remover todo o equipamento , atarraxar uma nova broca na ponta do tubo e tornar a baixar tudo pelo buraco . Está planejando ser um perfurador ?
 - Não senhor . Estou planejando possuir poços de petróleo .
 - Meus parabéns . E agora posso voltar ao trabalho ?

Todas às quintas-feiras , reescrevo o livro de Sidney Sheldon . Semana que vem continuamos no segundo capítulo da saga de Demiris .

Nenhum comentário :

Postar um comentário